Quinta-feira, dia da semana em que o Ribatejano puro vai à caça.
O bom ribatejano mesmo que não cace nada, uma coisa é certa, caça uma valente bebedeira e se descuida um pouco com os cães, estes agarram-na também.
Temos o caso do Valério Coices. Ainda na semana passada chegou a casa parecia um macho Algarvio, ele e os dois perdigueiros, o Bino e o Pelé.
Foi à caça lá para os lados de Vale de Mouro logo pelas 6h da manha, típico de um caçador nato.
Caçadeira nas unhas, garrafão de 5l, tupperware com atum, cebola, alho e salsa, um pão alentejano e um queijinho seco para atenuar o bicho.
Às 8h30m, já tinha um litro bem aviado, uma lebre como trofeu, 2 cães bêbados e 3 Sobreiros marcados com chumbo.
Como se sabe o Valério tem uma pontaria danada e para matar a lebre, precisou de gastar 5 cartuchos.
Ele diz que bastou um tiro, mas como todos nós sabemos e com a bezana dele, foi um tiro de sorte, porque o campo de visão dele, já lhe apresentava uma lebre a dobrar…
Bem, a manhã lá passou e o garrafão ficou seco que nem o extrato da minha conta bancaria.
Até chegar à Azervadinha, o Valério demorou 1h, pela estrada de mato na sua 4L amarela.
Foi sempre a fundo, diz ele, até os cães batiam com os cornos no tejadilho.
Há dois carros míticos na Azervadinha, o UMM descapotável do Pita e a 4L amarela do Valério.
Os habitantes da Azervadinha assim que veem ao longe Amarelinha aos “esses” na estrada nacional (por sinal é recta) já sabem, vem ai o Valério Coices de barrete cheio!
Hoje já se sabe, é dia…
Como é dia de caça, é dia da sede da Azervadinha estar de portas abertas para os petiscos dos caçadores e é certo que hoje á festa de bilhete na sede.
Quando digo festa de bilhete digo arraial de porrada.
Pois já se sabe que um bom caçador com um copo a mais gosta de voltar à mocidade, gosta de uma boa briga à “intiga”.
A última briga a serio, remonta há um mês atrás, em que o Gil brilhantina passou pelas grades da janela sem pagar portagem.
Foi uma daquelas como se vê nos filmes de cowboys, todos contra todos, ate cair tudo para o lado.
Era pratos a voar, cadeiras partidas, dentes no chão. Ainda este fim-de-semana o Rosinha encontrou um dente à porta do wc, guardou como premio de consolação.
Voltando à briga, como sempre tinha de estar o Chico Litrosas metido ao barulho.
Estava a disputar um jogo de sueca quando tudo começou, estava sereno, ate ao momento em que o Bento caiu em cima da mesa e virou a mesa de pantanas.
Pronto, estava tudo dito. Chico pegou no Bento e atirou o ao ar, um voo de 7 metros, parou em cima do tabuleiro de chinquilho, ate derrubou o pino. No jogo da malha tinha ganho 2 pontos.
De seguida aviou uma batata no Gil, este passou pelas grades sem se saber como.
Bem, era gente no caixote do lixo, um por baixo da máquina de flippers, ate a máquina fez TILT.
Uma confusão dos diabos, só parou quando o Chef Caneira (ex-cabo da GNR e cozinheiro da Azervadinha) (parece o Steven Seagal, faz sempre papel de cozinheiro) chegou e mandou uma malha para dentro da caixa das malhas, fez um barulho ensurdecedor.
Como sempre tinha de mandar a sua frase ao ar, «O “quié” esta merda aqui!»
Com os olhos esganiçados, quase a saltar de orbita, ate mete medo ao mais temível de todos, o Chico.
Meteu se logo tudo em sentido, parecia uma parada militar.
O bom destas brigas é que no final ficam todos amigos e pagam copos uns aos outros como se não tivesse passado nada.
Assim sendo, hoje também não vou faltar ao petisco dos caçadores.
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